segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Cirurgia Bariátrica

Está havendo um crescente aumento das cirurgias dirigidas ao tratamento da obesidade. Isto se deve aos constantes insucessos nos tratamentos de emagrecimento, consequente aumento do número de obesos mórbidos e a uma maior divulgação das cirurgias para o seu tratamento.


Os critérios para indicação cirúrgica da obesidade foram definidos pelo Painel da Conferência de Desenvolvimento de Consenso do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos em 1991 e incluem os pacientes com um IMC > 40, pacientes com IMC > 35 que apresentem co-morbidade cardiopulmonar grave ou diabetes severa e ainda pacientes que avaliados por médico experiente em matéria de tratamento da obesidade, tenham pequena probabilidade de sucesso com medidas não-cirúrgicas.

O tratamento cirúrgico para obesidade mórbida, também conhecido como Cirurgia Bariátrica está baseado fundamentalmente em três modalidades técnicas:
•Restritivas: visam diminuir a capacidade volumétrica do estômago, como por exemplo a Banda Gástrica Ajustável;
Desabsortivas - objetivam atingir a perda de peso pela incapacidade do intestino de absorver os nutrientes; Atualmente esta técnica não está sendo utilizada por apresentar mais problemas que soluções; exemplo desta cirurgia a By-pass jejuno-ileal;
•Mistas - associação das duas modalidades anteriores, pois combinam a restrição gástrica e má-absorção em diferentes proporções, como por exemplo a By-pass gástrico associado a Y de roux (CAPELLA) e a Derivação Biliopancreática com Gastrectomia Parcial (SCOPINARO).

A cirurgia pode ser feita tanto por técnicas convencionais como por videolaparoscopia, sendo que esta condiz com uma preocupação cada vez maior para que estas cirurgias sejam minimamente invasivas, oferecendo cada vez menos riscos ao paciente.

Qualquer que seja a técnica cirúrgica utilizada, devemos lembrar que esta é só uma restrição física e que, por si só, não promove uma mudança real e efetiva nos hábitos alimentares e comportamentais do paciente, sendo que só assim se trabalhará as causas da doença, e não só o efeito. Daí a necessidade de acompanhamento multiprofissional.

A própria cirurgia gera um estresse tanto físico, quanto emocional, levando a carências mais acentuadas dos nutrientes que precisam gerenciar estes desgastes. Somando-se a estes fatores, a alimentação que se segue à cirurgia deve ser líquida e em pequenas quantidades, dificilmente atingindo até mesmo o metabolismo basal, daí a necessidade em suplementar nutricionalmente, pois só com a alimentação fica inviável atingir um mínimo necessário dos nutrientes essenciais para manter as funções orgânicas. 

Como já visto, o ideal é que a suplementação se inicie antes do processo cirúrgico, visando:
  • corrigir os desequilíbrios entre os nutrientes, que provavelmente vêm de longa data;
  •  estimular as defesas do organismo, evitando as infecções;
  • melhorar a cicatrização e reduzir riscos de efeitos colaterais da cirurgia e de desnutrição, prevenindo inclusive anemias e depressão fisiológica;
  • favorecer a integridade da parede intestinal para haver uma melhor absorção dos nutrientes ingeridos,
  • suplementação de ácidos graxos essenciais (ômega-3)



Orientação Alimentar Pós Cirúrgica:

Normalmente, nos dois primeiros dias, o paciente segue a rotina hospitalar com ingestão de líquidos como água, chás, água de côco ou sucos diluídos sem sacarose.

Seja qual for a técnica utilizada na cirurgia, a consistência da alimentação, nos 15 dias aproximadamente, que se seguem à operação, deverá ser líquida e coada, objetivando o não rompimento das suturas que levarão tempos variáveis para a cicatrização e também para não correr o risco de obstruir ou dificultar o esvaziamento gástrico. 

A mudança na consistência da alimentação deverá ser progressiva e também têm como objetivo “treinar” o paciente na mastigação e nas suas escolhas, ajudando-o a adaptar-se a um novo hábito alimentar, e não apenas fazer mais uma “dieta”. Este primeiro mês de alimentação mais líquida e cremosa também auxilia numa desintoxicação do organismo. Apesar de existir uma rotina alimentar pós-operatória, a mesma será sempre determinada pela individualidade bioquímica e social do paciente, adaptando o ideal à realidade para que as orientações sejam realmente seguidas. Às vezes, a mudança de consistência da alimentação tem que ser revista.

É necessário lembrar, a cada etapa, que a determinação da aceitação do alimento pelo organismo, evitando náuseas e vômitos, é feita pela mastigação adequada. Portanto, o ideal é “comer” o líquido e “beber” o sólido.

Nas cirurgias restritivas e desabsortivas tem que existir um cuidado maior para não  ingerir sacarose, evitando assim a síndrome de dumping.

O ideal é que o paciente seja acompanhado mensalmente nos primeiros 6 meses, para depois, em conjunto com o mesmo estabelecer a frequência do acompanhamento.

Provavelmente a suplementação vai ser mantida até o paciente atingir o seu melhor estado de saúde física, mental e emocional, sendo este tempo variável e determinado pela individualidade bioquímica. Os pacientes que fizeram as cirurgias desabsortivas vão, provavelmente, sempre precisar de determinadas suplementações, principalmente dos nutrientes cuja absorção foram comprometidas na cirurgia.

Att, Giselle Barrinuevo

Fonte: Denise Carreiro

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