segunda-feira, 24 de novembro de 2014

O fígado e o metabolismo do álcool

O fígado é o principal órgão de armazenamento e distribuição da glicose sendo, portanto, fundamental para o sistema nervoso. Qualquer falha nessa distribuição (a chamada "hipoglicemia") afeta imediatamente o cérebro e pode resultar em efeitos extremamente desagradáveis. Quando não nos alimentamos normalmente, os níveis de glicogênio hepático diminuem ou até desaparecem, mas a glicose continua sendo fabricada pelo fígado, a partir das proteínas dos músculos. Por isso, emagrecemos. Esse processo chama-se gliconeogênese. Entretanto, ele pode ser inibido pela ingestão exagerada de álcool (etanol) e gerar um quadro de coma por hipoglicemia. 


Quando uma bebida alcóolica é ingerida, parte do álcool é absorvida pela mucosa estomacal, mas, a maior parte entra na corrente sanguínea através do intestino delgado. O álcool é muito solúvel em água e, portanto, distribui-se rapidamente pelo sangue para todo o corpo. 
  • Uma dose de 25 ml de uísque, que contém em torno de 10 ml de etanol (7,8 g), ao ser ingerida por uma pessoa de 70 kg, resulta em uma concentração final em torno de 0,01 % de álcool no sangue.    

Esse álcool é removido do sangue por meio da oxidação no fígado. Um pequena quantidade de álcool não é metabolizada pelo fígado e pode ser expelida pela respiração, pelo suor ou pela urina. 


Fatores que afetam a absorção do álcool. Homens e mulheres na mesa do bar.

A taxa de metabolismo do álcool depende, em parte, da quantidade de enzimas especializadas do fígado, que varia entre as pessoas. Em geral, após a ingestão, o álcool atinge um pico de concentração sanguínea dentro de 30 a 45 minutos. O álcool é metabolizado mais lentamente do que é absorvido. Portanto, se o consumo não for controlado ocorrerá acúmulo tóxico no corpo.

Se a taxa de ingestão de etanol for igual à sua taxa de oxidação, a concentração sanguínea não aumenta. 

  • A taxa de eliminação do etanol em um homem de 70 kg é aproximadamente 15 g (cerca de 20 ml) de etanol por hora, o que corresponde a 340 ml de cerveja ou 170 ml de vinho ou, ainda, a 45 ml de licor forte.

Uma série de fatores influencia o processo de absorção do álcool pelo organismo. Beber depois uma refeição contendo gorduras, proteínas e carboidratos diminui em três vezes a velocidade de absorção do álcool, quando comparado a uma situação de consumo com o estômago vazio.

As mulheres metabolizam o álcool mais lentamente que os homens e, consequentemente, apresentam uma concentração de álcool no sangue mais elevada após consumo da mesma quantidade de bebida. Além disso, são mais suscetíveis a doenças hepáticas, musculares, cardíacas e cerebrais causadas pelo consumo excessivo de bebidas alcóolicas. 



Essa diferença entre os sexos é atribuída a uma menor quantidade de água no organismo feminino e a uma atividade mais baixa das enzimas metabolizantes do álcool no fígado.

Efeitos do álcool sobre o organismo. Como saber quando parar.

O álcool afeta o sistema nervoso central. 

Seus efeitos sobre o comportamento resultam de sua ação direta sobre esse sistema e, como consequência, sobre músculos e sentidos. Dependendo da dose, o álcool é uma droga depressora. Tanto pode ser um tranquilizante suave como um anestésico geral. Entretanto, à medida que sua concentração aumenta, surge a supressão de algumas funções do sistema nervoso e aparecem os sintomas clássicos da intoxicação.

Determinou-se que a maioria dos indivíduos começa a mostrar falhas mentais mensuráveis quando a concentração de etanol no sangue atinge cerca de 0,05 %. Ao atingir 0,10 %, os efeitos mentais já produzem sinais físicos óbvios, como marcha desequilibrada, percepções sensoriais perturbadas e inabilidade de reagir com rapidez. 

Nesse estágio, já é perigoso dirigir veículos. A fala confusa aparece com a concentração em torno de 0,15 % e a inconsciência é produzida por volta de 0,4 %. Acima de 0,5 %, o centro respiratório do cérebro ou o trabalho de contração do coração podem ser anestesiados.

Mas, o risco não vem apenas do consumo exagerado ocasional. Pode resultar também, do consumo repetitivo.

O efeito relaxante das doses iniciais, porém, desaparece com o aumento do consumo. Se o convívio com uma pessoa embriagada incomoda, isso não é nada diante dos males que o álcool pode causar e que não se restringem às doenças do fígado. A labilidade emocional que num instante transforma o alcoolista risonho num indivíduo violento é responsável não só pelo aumento da criminalidade, mas também pela desestruturação de muitas famílias.

Os riscos do alcoolismo e a medida do teor alcóolico no sangue

A oxidação do álcool é capaz de produzir energia mas a energia produzida não pode ser armazenada para uso posterior. Em consequência de sua metabolização, também são produzidas moléculas redutoras que induzem a síntese de ácidos graxos. Esses ácidos graxos se acumulam e levam a um quadro de fígado gorduroso.


O consumo crônico de álcool pode causar


  •  danos hepáticos irreversíveis como a cirrose hepática. Sendo o fígado o órgão encarregado da detoxificação do corpo, tanto para substâncias exógenas como endógenas, a perda dessa função determina o acúmulo de hormônios esteróides e, como consequência, redistribuição de gorduras, ginecomastia, perda de massa muscular, diminuição da imunidade e baixa proteinemia. 
  •  Outra consequência do consumo crônico de álcool é a Gota, doença que se caracteriza pela inflamação das articulações provocada pelo acúmulo de ácido úrico, cuja excreção é inibida pelo etanol.

Embora haja vantagens em se usar o sangue para determinar as concentrações de álcool no corpo humano, o processo de coleta da amostra é visto como invasivo e doloroso, além de ser caro e lento. Os policiais do trânsito preferem, naturalmente, usar o "bafômetro". A análise do ar da respiração profunda é utilizada com sucesso pois esse ar tem a mesma proporção de álcool encontrado no sangue.

O número de mortes de jovens relacionadas ao beber e dirigir é muito grande. Os dados são assustadores. Cerca de 50 mil brasileiros morrem por ano nesse tipo de acidente, mais ou menos o mesmo número de soldados mortos na Guerra do Vietnam. Essas informações devem ser enfatizadas até se integrarem no dia a dia das pessoas para que elas se conscientizem e se programem corretamente. Se vão a um restaurante ou a um bar e bebem dois ou três copos de vinho ou de cerveja, precisam saber que o melhor é esperar o efeito do álcool desaparecer antes de pegar o carro outra vez ou, então, deixar que outra pessoa dirija em seu lugar. 



Beber com moderação é possível, mas raros são os que reconhecem estar fazendo uso abusivo e nocivo do álcool. Muitos ainda não são dependentes, mas incorrem em riscos que deveriam e poderiam ser evitados. Não se pode esquecer de que a grande maioria dos acidentes de trânsito ocorre quando está no volante uma pessoa alcoolizada.


Prof. Marcus Vale - Seara da Ciência -Órgão de divulgação científica e tecnológica da Universidade Federal do Ceará
 
Att, Nutricionista Giselle Barrinuevo      
                          

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