terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Insônia

                  A insônia é uma palavra que tem origem no latim e significa ausência de sono


O insone, ou seja, o indivíduo que sofre de insônia, é aquele que apresenta imensa dificuldade em começar a dormir ou que não consegue manter-se dormindo por muito tempo. Em ambos os casos, o paciente sofre cronicamente de um sono não restaurador e apresenta-se incapaz de ser plenamente produtivo durante o dia.
O que é a insônia

A insônia é um distúrbio do sono que acomete até 10% das pessoas na sua forma crônica e até 40% na forma aguda.


Para ser caracterizado como insone, o paciente precisa apresentar as seguintes características:



  •     Dificuldade de pegar no sono ou dificuldade de se manter dormindo por uma quantidade de horas suficiente para ter um sono restaurador.
  •     Apresentar as dificuldades descritas acima, mesmo havendo tempo suficiente e condições ideais para se conseguir dormir.
  •     A ausência de sono restaurador capaz de tornar o paciente improdutivo durante o dia.

*Se o indivíduo não apresentar essas três características, ele provavelmente não tem insônia. Por exemplo, os indivíduos que dormem poucas horas por noite, mas mantém-se plenamente produtivos ao longo do dia não são insones.

Também é importante distinguir a insônia da privação do sono

 Pacientes com privação do sono: são aqueles que querem dormir, mas não conseguem por motivos que variam desde um ambiente barulhento, desconfortável ou muito claro, até a impossibilidade de dormir por questões profissionais.

A principal diferença entre a insônia e a privação do sono é o fato de que, no segundo caso, o paciente consegue dormir caso lhe seja dada a oportunidade.

Outra situação que não é considerada insônia são os casos de algumas pessoas que têm o ritmo circadiano do (relógio natural) diferente do habitual, sendo produtivas durante a noite e sonolentas durante o dia. Estes indivíduos também não são insones, pois, durante a manhã e parte da tarde, eles conseguem dormir um sono restaurador a ponto de estarem novamente produtivos durante a noite.

Causas de insônia

Existem dezenas de causas para insônia. Em geral, elas costumam ser categorizadas em insônia aguda e insônia crônica.

Causas de insônia aguda ou de curta duração

A insônia aguda, também chamada de insônia transitória ou de curta duração, é uma dificuldade para dormir que dura menos de 3 semanas e costuma estar associada a fatores de estresse, tais como:

  • – Mudanças súbitas no ambiente onde o indivíduo dorme. Questões como barulhos, temperatura, tipo de colchão, luminosidade, presença de outras pessoas no quarto, etc.,  podem causar insônia durante um curto período, até que o paciente se adapte ao novo ambiente.
  • – Aumento ou redução repentina no consumo de determinadas substâncias, como cafeína, nicotina, álcool e drogas ilícitas.
  • – Doenças agudas, principalmente aquelas que causam dor, desconforto ou impedem o paciente de dormir deitado.
  • – Estresses psicológicos, como divórcio, perda do emprego, falecimento de um familiar, discussões, pressões profissionais, etc.
  • – Uso de certos medicamentos, como beta-bloqueadores, teofilina, corticoides, fluoxetina, bupropiona, venlafaxina, levotiroxina, broncodilatadores e anfetaminas.
  • – Suspensão, após longo uso, de medicamentos que agem no sistema nervoso central, como antidepressivos ou ansiolíticos.

*A insônia de curta duração costuma se resolver sozinha após algumas semanas. Em algumas situações, porém, o paciente só consegue voltar a ter um sono normal depois que o fator de estresse é eliminado. Caso o fator que esteja gerando a insônia não consiga ser contornado, a insônia aguda pode tornar-se crônica.

Causas de insônia crônica ou de longa duração



A insônia crônica ocorre quando o paciente tem dificuldade para dormir em, pelo menos, 3 dias da semana por mais de 4 semanas seguidas. Muitas vezes, o paciente fica vários dias sem conseguir dormir bem e depois apresenta uma noite isolada de bom sono.




As causas mais comuns para insônia crônica são:

Má higiene do sono: ao contrário do que o nome sugere, o que chamamos de higiene do sono não tem nada a ver com os hábitos de limpeza do paciente. Higiene do sono é um conjunto de ações ao longo do dia que favorecem o início do sono à noite.

 Exemplos de má higiene do sono são:
  • consumir cafeína à noite, praticar atividades físicas logo antes de dormir, não dormir na mesma hora todo dia, tirar vários cochilos durante o dia, principalmente após as 15 horas, jantar muito tarde à noite, ficar estudando ou trabalhando até tarde, etc.

Insônia psicofisiológica: também chamada de insônia primária, é aquela insônia que surge sem causa aparente. Pacientes com insônia psicofisiológica não conseguem relaxar na cama e apresentam grande atividade mental quando tentam adormecer, pensando em várias coisas seguidamente. Em dado momento da sua intensa atividade mental, o paciente se toca que já está há muito tempo na cama sem dormir e começa a ficar ansioso por conta disso, criando um ciclo vicioso que torna ainda mais difícil que ele relaxe e consiga cair no sono.  Com o tempo, o paciente pode começar a associar a própria cama ou quarto com períodos de ansiedade. Alguns deles só conseguem voltar a dormir se mudarem de ambiente.

Doenças neurológicas: como doença de Parkinson e Alzheimer.

Insônia paradoxal: também chamada de hipocondria do sono, a insônia paradoxal é uma falsa sensação de insônia. O paciente acredita ser insone, mas quando estudado por polissonografia é possível descobrir que ele não só consegue dormir de forma relativamente rápida, como apresenta boas horas de sono de qualidade. Apesar disso, no dia seguinte, o paciente jura ter demorado a dormir e ter tido uma noite de pouco sono.

Desordens psiquiátricas: a insônia crônica é muito comum em pacientes que sofrem de problemas psiquiátricos, principalmente depressão, distúrbio de ansiedade, abuso de substâncias ou estresse pós-traumático.

*Qualquer causa de insônia aguda pode levar à insônia crônica, caso o fator de estresse não consiga ser controlado.

Sintomas da insônia

O paciente insone costuma apresentar diversos sinais e sintomas ao longo do dia derivados da falta de um sono restaurador à noite. Entre os mais comuns podemos citar:



– Cansaço.
– Sonolência.
– Falta de concentração.
– Alterações da memória.
– Irritabilidade.
– Ansiedade.
– Dificuldade de executar tarefas.
– Aumento de acidentes.
– Dor de cabeça.
– Sintomas gastrointestinais.
– Problemas de relacionamento.
Tratamento da insônia

Inicialmente, o tratamento da insônia é feito com terapia comportamental, incluindo educação sobre higiene do sono e técnicas de relaxamento.

Algumas dicas ajudam a melhorar a insônia:



– Conheça os hábitos de higiene do sono.
– Não vá para cama sem estar com sono.
– Use a cama apenas para dormir. Evite comer, mexer no computador ou ver TV na cama.
– Se após 20 minutos deitado, você não conseguir dormir, levante-se e vá fazer alguma atividade relaxante, como ler ou ouvir música calma.
– Se não estiver tendo sono, evite ficar na claridade. O excesso de luz dificulta a chegada do sono.
– Procure acordar todos os dias na mesma hora, mesmo nos finais de semana.
– Ao acordar, se já tiver amanhecido, levante-se da cama, mesmo que ainda esteja com sono. Isso facilitará o sono à noite.
– Não tire cochilos à tarde.
– Pratique atividades físicas ao longo do dia, porém evite esforços durante a noite.
– Encontre formas de relaxar à noite. Banho quente, massagens, leitura, meditação ou yoga podem ajudar. Alguns pacientes referem melhora com acupuntura.
– Não deixe relógios por perto, para que você não fique olhando para a hora o tempo todo.
– Entenda que a ansiedade por não conseguir dormir torna o ato de dormir ainda mais difícil.
– Não leve problemas não resolvidos ao longo do dia para cama.

É necessário salientar que algumas dessas dicas precisam ser implementadas durante vários dias antes que possa ser possível notar alguma melhora.

Medicamentos contra a insônia

Em alguns casos, o uso de medicamentos para induzir o sono faz-se necessário. Algumas opções para o tratamento da insônia incluem:

– Ansiolíticos benzodiazepínicos: triazolam, estazolam, lorazepam, temazepam e flurazepam.
– Ansiolíticos não benzodiazepínicos: zolpidem, zopiclone, zaleplon e eszopiclone.
– Agonistas da melatonina: ramelteon (Rozerem®).
– Antidepressivos: amitriptilina, trazodona, doxepina (indicados apenas se o paciente tiver depressão associada à insônia).

*A valeriana, passiflora, melissa entre outor fitoterápicos é uma medicação que pode ser obtida sem prescrição médica e que é muito utilizada pelos pacientes para ajudar no sono. Porém, há pouca evidência científica que suporte o seu uso para o tratamento da insônia.

*A melatonina é o "hormônio do sono" uma opção viável para alguns tipos de insônia, todavia somente por prescrição médica.

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